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Pastor da ‘Igreja Sem Política’ denuncia uso eleitoral da fé em ato de Bolsonaro

Daniel Batista alerta que o slogan “Justiça Já” desvia o sentido teológico da justiça cristã, servindo como instrumento de mobilização para as eleições de 2026

Redação
Por: Redação
30/06/2025 às 01h35 Atualizada em 30/06/2025 às 01h45
Pastor da ‘Igreja Sem Política’ denuncia uso eleitoral da fé em ato de Bolsonaro
Pastor critica ato de Bolsonaro e alerta para uso eleitoral da fé - Foto:MSN

O pastor Daniel Batista, conhecido por liderar o movimento “Igreja Sem Política”, criticou publicamente o ex-presidente Jair Bolsonaro após a realização de um ato político em Balneário Camboriú (SC), no último final de semana. O evento, promovido por lideranças evangélicas e com forte presença de apoiadores do ex-mandatário, foi duramente questionado pelo pastor, que alertou para o uso da fé cristã como ferramenta de mobilização eleitoral.

Segundo Batista, o ato se valeu de símbolos religiosos e do discurso de "justiça divina" para reforçar o slogan “Justiça Já”, vinculado à defesa do ex-presidente diante das investigações judiciais que enfrenta. Para ele, esse tipo de narrativa compromete a autonomia da fé cristã e distorce o conceito bíblico de justiça.

“Quando líderes religiosos substituem o ensino do Evangelho por slogans de campanha, a igreja se torna palanque, e não casa de oração”, afirmou o pastor em vídeo publicado nas redes sociais.

O evento foi organizado pela cúpula da Igreja Assembleia de Deus e contou com a presença de diversos políticos aliados a Bolsonaro, incluindo o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), e o pastor Silas Malafaia, um dos mais proeminentes defensores do ex-presidente entre os evangélicos.

Batista também manifestou preocupação com o que considera uma "aliança sacrílega" entre religião e projeto de poder. “Não se trata de fé, trata-se de política travestida de espiritualidade”, disse. Segundo ele, esse tipo de instrumentalização fere os princípios do Evangelho e mina a credibilidade da igreja diante da sociedade.

O líder da “Igreja Sem Política” defende uma fé voltada para o serviço social, a justiça como prática comunitária e a separação entre igreja e Estado. Ele teme que a aproximação entre figuras religiosas e políticos em busca de poder comprometa não apenas o testemunho cristão, mas também o espaço democrático no país.

O ato em Camboriú é interpretado por muitos analistas como um aquecimento para a pré-campanha de Bolsonaro visando as eleições de 2026, mesmo diante da sua inelegibilidade momentânea. A mobilização em igrejas, sobretudo entre os evangélicos, é considerada estratégica para manter sua base fiel e reverter cenários políticos desfavoráveis.

Infográfico: A proximidade de Bolsonaro com líderes evangélicos

Ano    Evento Religioso    Participação de Bolsonaro    Destaque
2018    Cultos em igrejas do RJ e SP    Presença em cultos durante campanha    Discurso com versículos bíblicos
2019    Marcha para Jesus (SP)    Presidente em exercício    Louvado como “ungido por Deus”
2021    Congresso da Assembleia de Deus Vitória em Cristo    Participação ao lado de Malafaia    Críticas ao STF e à CPI da Pandemia
2024    Culto “Justiça Já”, Balneário Camboriú    Discurso com pastores aliados    Slogan associado à sua defesa judicial


Linha do Tempo: Atos públicos de Bolsonaro com temática religiosa

2018: Durante a campanha, Bolsonaro frequentou cultos e pediu orações públicas após a facada.

2019–2022: Como presidente, participou ativamente de eventos cristãos, incluindo a Marcha para Jesus e encontros com pastores influentes.

2023: Após deixar o governo, intensificou sua presença em eventos evangélicos, buscando manter base de apoio.

2024: O culto “Justiça Já” em Santa Catarina marca o reforço do uso político da fé, com viés de pré-campanha.

Análise Teológica: O que a Bíblia diz sobre justiça e poder

“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem, mal.”
— Isaías 5:20

Segundo o pastor Daniel Batista, o conceito de “justiça” no cristianismo está diretamente relacionado à integridade, compaixão e retidão diante de Deus. Ele afirma que o uso da fé para blindagem de líderes políticos distorce o Evangelho.

O teólogo Paulo Nogueira, da PUC-SP, também critica a apropriação de temas sagrados por discursos eleitorais. “Jesus nunca buscou poder político. Ele confrontou estruturas opressoras e pregou o Reino de Deus, não um projeto de poder humano.”

A análise alerta para o risco de confundir justiça divina com interesses partidários, criando um “cristianismo funcional” que serve a propósitos políticos imediatos, em vez de valores espirituais eternos.

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