A Prefeitura de Ilhéus anunciou um reajuste salarial de 5,53% para os servidores públicos municipais, aprovado em assembleia do Sindicato dos Servidores e Funcionários Públicos de Ilhéus (SINSEPI) nesta terça-feira (27). A proposta abrange trabalhadores ativos, inativos e pensionistas e será aplicada a partir do mês de junho.
A gestão também informou o reajuste do vale-alimentação para R$ 700, com efeito retroativo de janeiro a maio de 2025, cujos valores serão pagos em parcelas entre julho e novembro. Segundo a nota oficial, a medida “reflete o compromisso do prefeito Valderico Junior em valorizar os servidores”.
Contudo, a frase foi recebida com críticas por parte de analistas e da própria categoria, já que o reajuste anunciado fica abaixo do aumento do salário mínimo nacional de 2025, que foi de 7,5%. Na prática, isso significa perda real no poder de compra dos servidores, contrariando o discurso de valorização.
Além disso, em assembleia específica convocada pela APPI/APLB-Sindicato, que representa o magistério municipal, os profissionais da educação decidiram por unanimidade recusar o índice de 6,27% proposto pela Prefeitura. A categoria reivindica o cumprimento integral dos direitos dos docentes e não docentes, incluindo:
Pagamento dos retroativos de reajustes anteriores não quitados;
Valorização dos profissionais contratados, que seguem com vínculos precários;
Correção do Piso Nacional do Magistério, de forma proporcional à carreira;
Diálogo efetivo e transparente com a Secretaria de Educação.
A alegação de que a proposta reflete um "compromisso com a valorização dos servidores" não se sustenta diante dos números. Um reajuste de 5,53% inferior à inflação e ao índice de aumento do salário mínimo nacional (7,5%) representa um recuo financeiro real para os trabalhadores.
Ainda mais preocupante é a falta de transparência quanto à assembleia do SINSEPI que aprovou a proposta. Não foram divulgadas informações sobre quórum, votos favoráveis e possíveis contrapropostas, o que compromete a legitimidade da decisão.
Enquanto isso, a postura dos profissionais da educação mostra um posicionamento mais firme e consciente, ao recusarem um reajuste que não cobre sequer as perdas inflacionárias. A unanimidade na rejeição do índice de 6,27% e a lista de exigências reforçam que a categoria não se contenta com medidas paliativas ou discursos genéricos de valorização.
Em um contexto de crise econômica e desafios para o serviço público, é essencial que o poder público reconheça os dados reais da economia, mantenha diálogo com todas as representações sindicais e assegure reajustes justos e baseados em critérios técnicos e legais.