Na última sexta-feira (06), a Rádio Baiana de Ilhéus abriu seus microfones para uma reveladora entrevista com o ex-prefeito Jabes Sousa Ribeiro, que, por quase duas horas, expôs detalhes de sua desistência em concorrer às eleições de 2024, em favor do apoio ao atual prefeito de Ilhéus, Valderico Júnior. A decisão, que envolveu uma reunião em Salvador com o ex-prefeito ACM Neto, tinha como principal ponto um acordo tácito: o apoio do prefeito Valderico Jr. e de seu grupo político ao candidato do Progressistas (PP) nas eleições de 2026, para a vaga de deputado federal.
A entrevista, marcada por um tom de desconfiança, revelou que, para Ribeiro, a permanência do PP no governo municipal está diretamente condicionada ao cumprimento desse pacto, que, até o momento, parece longe de ser garantido. Segundo Jabes, embora as palavras de ACM Neto pareçam ter sido claras, a realidade política em Ilhéus e os sinais emitidos pelo atual prefeito indicam que a aliança pode não ser sustentada como prometido.
Em uma análise mais ampla, o ex-prefeito levanta questões que são recorrentes em acordos políticos: a fidelidade a promessas feitas no calor das negociações e a verdadeira motivação por trás dos movimentos dos atores políticos. A falta de definição sobre o apoio ao candidato indicado pelo PP, tanto por parte de Valderico quanto por ACM Neto, levanta dúvidas quanto ao futuro da relação entre o PP e o governo municipal.
Nas últimas semanas, Valderico Júnior tem dado sinais de que sua escolha para as eleições de 2026 pode seguir por outro caminho. Em suas redes sociais, o prefeito de Ilhéus apresentou publicamente seus apoios a deputados federais e estaduais como Leur Lomanto Jr. e Pedro Tavares. Esses sinais indicam uma possível mudança na dinâmica política da cidade, com o prefeito se distanciando das antigas promessas e alianças feitas com o PP.
Editorial: O Futuro do PP e a Traição Política em Ilhéus
Por Eliana de Lima
A política baiana, especialmente em Ilhéus, nunca foi simples, mas a situação envolvendo Jabes Sousa Ribeiro, ACM Neto e Valderico Júnior parece ter colocado à prova não só acordos passados, mas também a lealdade de antigos aliados. Se o acordo firmado entre Ribeiro e o atual prefeito não está sendo cumprido, isso levanta a questão: teria o ex-prefeito sido esganado politicamente por ACM Neto e Valderico, ou seria esta uma mudança natural na maré política da cidade? A pergunta não é apenas uma curiosidade, mas uma análise profunda do que aconteceu nos bastidores e como o PP, antes forte na cidade, está lidando com os ventos da política atual. Afinal, o que mudou desde aquele encontro em Salvador? Perguntar não ofende.