Por Heloina Mueller
Nos últimos meses, o número de golpes virtuais registrados no Brasil disparou. Estelionatários têm se aproveitado da crescente digitalização da vida cotidiana para aplicar fraudes cada vez mais sofisticadas — de links falsos enviados por SMS até atendentes virtuais que simulam o suporte de grandes empresas.
Segundo dados recentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), só em 2024, mais de 4 milhões de tentativas de golpe foram registradas, a maioria envolvendo engenharia social, ou seja, quando os criminosos convencem a vítima a entregar dados confidenciais.
Para entender melhor como esses crimes acontecem e como se prevenir, a reportagem conversou com Sergio Leite, CEO da Agência WebFlic e especialista em cibersegurança, com mais de 25 anos de experiência na área.
Heloina Mueller – Sergio, quais são hoje os golpes virtuais mais comuns?
Sergio Leite – Os mais recorrentes envolvem envio de links por WhatsApp ou SMS, simulando grandes empresas ou instituições financeiras. A vítima clica no link e é redirecionada para páginas falsas que capturam senhas e dados bancários. Também vemos muitos casos de boletos falsificados, onde o golpista altera o código de barras para desviar o pagamento.
Heloina Mueller – Há um público mais vulnerável a esses crimes?
Sergio Leite – Sem dúvida. Os idosos e pessoas com menor familiaridade digital são alvos preferenciais. Porém, até profissionais experientes estão caindo, porque os golpes estão cada vez mais convincentes. Às vezes, a única diferença está em um detalhe minúsculo no domínio do site.
Heloina Mueller – Que medidas práticas as pessoas podem tomar para se proteger?
Sergio Leite – Três regras básicas:
Desconfie de urgência – se a mensagem diz “urgente”, “evite bloqueio”, etc., cuidado.
Nunca clique em links recebidos por redes sociais ou mensagens sem confirmar a origem.
Use autenticação em dois fatores em todos os serviços possíveis.
E, claro, sempre verifique se o site acessado começa com “https” e se o domínio está correto.
Heloina Mueller – E quando alguém percebe que caiu em um golpe? O que deve fazer?
Sergio Leite – O ideal é agir rápido:
Notificar imediatamente o banco ou instituição financeira.
Registrar um boletim de ocorrência online.
E, se possível, buscar ajuda jurídica.
Também vale comunicar à plataforma usada pelo golpista — como WhatsApp, Facebook ou Mercado Livre.
A Polícia Civil e órgãos de defesa do consumidor recomendam campanhas educativas constantes e atenção redobrada ao receber mensagens inesperadas. E não é apenas responsabilidade do usuário: empresas também precisam reforçar seus sistemas de segurança e canais de comunicação confiáveis.
Enquanto os crimes virtuais crescem, a informação continua sendo a arma mais poderosa contra a fraude digital.